{Estrangeira #11} Lembranças esquecidas do Zimbábue
A gente jura que lembra, mas esquece.
Esses dias me peguei olhando umas fotos antigas. Estava procurando nem sei mais o quê e acabei encontrando um monte de memórias perdidas.
Muitos momentos dos quais esqueci e me surpreendi ao relembrar a partir daquelas fotos desorganizadas de uma vida todinha atrás. Lembro de ir ao Zimbábue em 2008. Fui a Victoria Falls, fiz rafting no Zambezi (não tenho fotos, só algum DVD perdido na casa da minha mãe), visitei um santuário de elefantes e parti.
Com uma das maiores inflações do mundo, no Zimbábue de 2008 usava-se muito o dólar americano e pouquíssimo o dólar zimbabuano. A partir do ano seguinte, este último foi até extinto e acho que guardei uma nota daquelas em algum lugar na casa da minha mãe também.
Além do rafting no Zambezi que resultou em uma experiência assustadora onde eu podia jurar que ia morrer e da visita a um santuário de elefantes, também tenho gravado na memória uma cena em um fast food local. Neste fast food, comi um verme frito que é colhido de árvores locais (não anotei o nome) e vi dois homens contarem montanhas de dólares zimbabuanos para pagarem suas batatas fritas. Lembro também de ter tirado uma foto escondida e agora lembro até que era isso que estava procurando quando encontrei um monte de outras lembranças esquecidas neste HD.
Foi buscando esta foto que lembrei que atravessei a fronteira para a Zâmbia e que muita gente lá fazia isso porque era bem mais barato comprar comida depois da ponte. Lembrei também das prateleiras vazias no supermercado com apenas algumas latas de molho de tomate disponíveis e da foto do Mugabe em toda parte.
Me deparei com um vídeo de elefantes na estrada e uma foto de aterrorizantes babuínos que faziam tocaia em telhados para roubarem comida de desavisados no meio da noite. Lembrei disso, mas não sei mais se roubaram minha comida.
Meu pai fazia diários de viagem e eu encontrei e guardei dois. Às vezes ele escrevia mais, mas normalmente só pontuava o que tinha feito, aonde tinha ido. Lembro de vê-lo fazendo isso em viagens que fizemos juntos, mas esses não encontrei. Nos que encontrei tinha também montes de cartão de visitas, anotações de pronúncia de números em inglês e alemão. Já tentei fazer algumas vezes, mas esqueço. Até levo um caderninho, mas fico com sono e não escrevo, deixo pro dia seguinte que nunca chega.
Em janeiro fui com a família até Bragança e umas aldeias vizinhas. Escrevi nos dois primeiros dias e deixei para nunca os outros dois. Amo reencontrar estes escritos bem sucedidos, mas é difícil para mim manter a disciplina. Já me dei a colher de chá de me permitir escrever apenas tópicos ou frases, mas não rolou de forma consistente. O blog às vezes salva algumas lembranças (anotei os posts que tenho que lembrar de fazer).
Me pergunto se daqui a dois ou três anos já terei esquecido do que fiz em Bragança. Me respondo que vou esquecer tudo, certeza. A não ser que ache alguma foto procurando uma outra coisa qualquer.
Mini curadoria semanal
Uma coisa que não esqueço são os livros que li durante uma viagem ou os que me levaram até ali. No caso do Zimbábue, sei que o que mais me motivou foi a leitura de Quando um Crocodilo Come o Sol.
Esses dias escutei o Garrafas ao Mar da Rádio Novelo e fiquei apaixonada. Uma vez joguei fora um caderno de desenhos feito por um ex sobre nós. Me arrependo. Quem será que encontrou?
Achei um diário de viagem meu de 1.999 (Califórnia). Fiquei tão feliz que eu fiz.
Uma das minhas metas de 2024 é escrever mais, quem sabe diário de viagem pode ser um começo.
Muitas aventuras ,não é querida ?Sempre viajei com você,nas suas assas.Lembranças são importantes.Ainda mais quando o tempo vai passando.Te amo ,sempre nas suas assas