{Estrangeira #20} World of Discoveries
Vergonha e retrocesso em uma atração multimídia para colonialistas.
Eu já sabia que passaria nervoso quando visitasse o World of Discoveries no Porto, aqui em Portugal. Enrolei, enrolei e aí o dia de chuva perfeito chegou. Localizado em um edifício fechado, a entrada da “exposição” não é nada barata, mas é muito popular entre famílias do mundo inteiro que visitam a cidade.
O início até que não foi tão mal. Com alguns objetos de navegação expostos, até que aprendi alguma coisa. Havia também umas telas (precisamos conversar sobre o uso excessivo de recursos digitais em exposições para crianças) falando sobre grandes exploradores e o percurso de algumas expedições famosas, incluindo a que levou Pedro Álvares Cabral para o Brasil.
Até aí tudo bem.
O bicho começa a pegar quando você entra em uma sala montada para parecer o interior de uma embarcação daquelas que “descobriam” o Novo Mundo. Nada sobre os percalços, as doenças, a nojeira, o tráfico de pessoas escravizadas. Nada. O que havia era uma mulher vestida com uma toga trançando o cabelo de meninas. Minha filha adorou, mas sua presença ali é realmente incompreensível.
O ato final da atração é um passeio de barco por um mundo em diorama guiado por um alto falante em diferentes idiomas (quebrado). Percorremos um caminho por meio a tormentas onde corajosos exploradores buscando um caminho para a Índia, conquistaram e superaram o que hoje conhecemos por Cabo da Boa Esperança.
Vimos os animais e plantas que os surpreenderam e logo também fomos apresentados pela história dos povos que, segundo a exposição, adoraram a chegada dos portugueses. Disseram que os portugueses foram uma benção diplomática entre China e Japão e que, no Brasil, os nativos trocaram terras por miçanga. Para ser honesta, acho que não disseram miçanga, mas outra coisa ridícula qualquer que simula uma estupidez e complacência do povo nativo, descartando a verdade sobre seu extermínio e coragem de não se submeter aos invasores europeus.
A saída é pela loja de souvenir e você fica meio desnorteado porque sai com a sensação que ocupar, roubar e destruir povos é um lance bem legal.
Mini curadoria semanal
O Fernando, um montanhista e pai maravilhoso, está oferecendo um curso sensacional para pais que queiram transformar as suas paternidades em uma troca sensível e presente com o auxílio da natureza. O curso se chama Paternidade Natural.
Apaixonada pelo romance da Liana Ferraz, Um Prefácio para Olívia Guerra. Um livro sensível, poético e lindo demais. Estou totalmente vidrada nessa obra.
Eu amo o podcast da Mabê, Caso Bizarro. Só pularia os episódios onde o Chico Felitti é o convidado porque eles gritam demais e não dá para entender nada. É daqueles podcasts que você se diverte enquanto prepara um rango, sabe?
Bem atrasada, estou finalmente assistindo a série This is Us, mas também revendo Gilmore Girls. Por isso com sentimentos bem conflitantes em relação ao pai dos protagonistas, Jack, que é o Jess Maldito na outra série.
Nossa! Bem absurda e fora da realidade de hoje essa exposição né! Não entendo porque continuam contando para as crianças essa história da carochinha, bem desrespeitosa por sinal, nos dias de hoje. Afinal estão forjando adultos descompromissados com a terrível verdade do passado. Como serão conscientes para não aceitar e repetir esses tipos de comportamentos no futuro? Enfim, Portugal continua com a mentalidade colonialista. Triste!