{Estrangeira #34} Vou com medo mesmo
Coragem é insistir e ficar em pé até o fim da onda.
“Mamãe, eu estou com medo, mas vou com medo mesmo”
Foi isso que meu filho disse antes de subir na montanha russa.
Sempre fui uma pessoa medrosa e corajosa. É que só existe coragem quando estamos na presença do medo. Sem medo não é coragem, é loucura. Então quando o F. me falou isso no Parque Warner, fiquei orgulhosa. Essa é a minha característica que mais tenho orgulho e parece que agora faz parte dele também.
Eu tenho tanta coragem que sempre que me bate uma ideia na cabeça eu vou lá e faço. Começo muitas coisas. Acontece que de uns anos pra cá, passei a questionar essa coragem. Eu começo, mas perco o interesse. É como se eu tivesse tesão só no início da jornada e não no objetivo final.
Aí fica fácil fazer coisas rápidas. Projetos objetivos que só dependem de mim. Pular de bungee jump em uma caverna, fazer uma viagem ou uma trilha com as crianças, escrever um livro. Não tenho vergonha de jogar para o mundo, tenho é pavor de não tentar nada.
Por isso também que empreendi tantas vezes. Tem tanta ideia boa me atravessando que fica difícil me agarrar a apenas uma delas e seguir até o fim. Foi aí que eu me vi diante de uma nova aventura: persistir se tornou um ato de coragem. Tentar o tradicional foi talvez a coisa mais corajosa que fiz.
Um passo de cada vez. Terminar a faculdade, a formação de mergulho e as aulas de espanhol foram os primeiros passos já há muitos anos. Mais recentemente, assumir um emprego a longo prazo foi a grande loucura que ia contra muitas das crenças anti-estabilidade que criei ao longo da vida. Permanecer em um relacionamento prestes a completar 10 anos de vida com todos os altos e baixos que uma relação traz é uma aventura incrível e profunda. Retomar antigos sonhos e projetos e tentar terminá-los tem sido uma prova de coragem.
Há pouco mais de 15 anos, alguém me disse que eu não seria capaz de surfar. Carreguei essa certeza comigo e, mesmo sabendo que era uma opinião cretina, só tive coragem de desafia-la este ano. Fui e não achei difícil. Não consegui ficar em pé na prancha, mas foi quase. Me faltou força nos braços, mas desde então tenho feito exercícios diariamente e em breve vou voltar e conseguir. Um projeto rápido com o simples objetivo de ficar em pé e demorei 15 anos para começar.
Faltou coragem.
Que um dia eu seja exemplo de perseverança.
Mini curadoria semanal
Minha tia escreveu uma ficção autobiográfica muito sensível sobre a batalha contra o câncer. Contos de uma Borboleta está a venda aqui.
O Capitão Paul Watson da Sea Shepherd foi preso recentemente na Groenlândia pela polícia dinamarquesa. O contexto dessa loucura você pode ler aqui.
Estou obcecada por Socotra, uma ilha no Iêmen. Há dois dias consumindo tudo sobre este lugar paradisíaco que nunca tinha ouvido falar.
Sim Roberta, também aprendi com a vida que perseverar, ser resiliente, é o maior ato de coragem! Dar o primeiro passo e abraçar o desafio é só o começo de uma vida corajosa! Siga firme e sempre pra frente!
Obrigada por mencionar meu livro, espero que tenha gostado! 😘