Acordou às sete da manhã. Nada mal. Ouviu os gritos do maior vindo lá do outro quarto. Não quer colocar o short. Mal. Puta merda, essa gritaria vai acordar o bebê. Acordou. Todos gritam, ela levanta. Resolve o short, o café da manhã, os dentes. O marido sai com o maior pra creche. Ela passa o café. Tenta botar o bebê para dormir outra vez sem sucesso. Quarenta milhões de minutos depois, sucesso. Não vai se atrever a colocá-lo na cama para que não acorde. Uma hora segurando o bebê, imobilizada observado a bagunça da casa que não pode arrumar. Volta o marido e diz que tem que trabalhar do escritório hoje. Merda. O café ficou frio. A caralha da campainha toca e acorda o bebê. Ela resolve sair pra passear lá fora, sofrer no ar puro com brisa no rosto. O bebê caga. Temos fralda. Bom. O cocô subiu pelas costas. Não temos roupa extra. Ruim. Volta pra casa. No caminho uma conhecida pergunta do maior e ela, empurrando o carrinho com uma mão e segurando o bebê cagado na outra, comenta que ainda não dá conta de sair com os dois sozinhos. A fulana diz que todo mundo consegue, mulheres no mundo todo dão conta. Chega no prédio e abre a porta toda enrolada ainda com o bebê cagado em uma mão e o carrinho no outro. Chegam dois vizinhos jovens com seus amigos e nenhum segura a porta pra ela. Olham feio pro carrinho que está no caminho. Ela se enrola e eles não a esperam. O cocô lá enquanto ela espera o elevador voltar. Ela entra em casa e vai direto para a cozinha comer um prato de sucrilhos e uma banana com manteiga de amendoim. O marido aparece. Esqueceu o carregador do celular. Pergunta por que ela não come uma refeição mais saudável, mas sem interesse na resposta. O bebê dorme de novo no braço dela que vai botar o lixo pra fora com a mão que lhe sobra. Encontra o vizinho do segundo andar que lhe conta que se ela carregar o bebê no colo assim, ele nunca vai aprender a dormir sozinho. Volta pra casa e duas horas depois chega o maior. O bebê acorda. O maior quer suco e mingau feito por ela. O bebê quer mamar. Todos gritam. Todos querem colo. Todos querem dormir por cima dela. O ventilador quebrou e tá fazendo seiscentos graus. Ela olha pro lado e o marido está olhando pras próprias unhas. Ela pega uma faca e decepa os dedos dele. As crianças param de fazer barulho. Enfim, ela descansa.
Mini curadoria semanal
Fomos a uma cotação de história semana passada e rolou Tem um Fantasma Nesta Casa do Oliver Jeffers. As crianças amaram muito e agora estamos com um exemplar da biblioteca em casa. Vale muito!
Achei este episódio do Mamilos emocionante. É sobre sororidade.
Meu livro novo ainda está aí para jogo na Amazon do Brasil, mas também em todas as outras: Estados Unidos, Japão, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, etc