{Estrangeira #61} Benefícios de se estar na natureza com crianças
Trecho do livro "Mamãe Outdoor: viagem e aventura com crianças"
Este é um trecho do meu livro "Mamãe Outdoor: viagem e aventura com crianças" que você pode adquirir no mundo todo pela Amazon
Não há dúvida que filhos vêm para virar nosso mundo de cabeça para baixo. O papel de cuidador, quando bem feito, nos ensina mais sobre quem fomos, quem somos e quem queremos ser do que qualquer outra transformação que a vida pode nos trazer. Essa auto identificação muitas vezes é tão intensa que confunde, mas a verdade é que essa transformação não quer dizer que tenhamos que mudar nossa essência, apenas adaptar nossas vidas para as limitações e necessidades de outros membros da família.
Você não precisa parar de viajar quando tem filhos. Não precisa parar de acampar nem de velejar ou subir montanhas. Essas atividades do lado de fora, em contato com a natureza são os maiores presentes que você pode oferecer às crianças da sua vida. Não só porque juntos vocês compartilharão o que te faz feliz, mas porque já é cientificamente comprovado que o contato com a natureza na infância tem consequências benéficas que reverberam pelo resto da vida.
Mas o que é essa natureza que tanto falamos? Nos acostumamos com a ideia de que somos entidades separadas da natureza quando na verdade, somos parte dela. Tudo que é vivo está conectado e em algum momento esquecemos disso.
No livro How to Raise a Wild Child, Scott Sampson coloca muito bem esse paradoxo. Ele nos convida a lembrar que nossos corpos não são apenas um indivíduo independente de outros, mas que carregamos milhares de bactérias e micróbios não só na nossa pele, mas também em alguns de nossos órgãos. Somos, portanto, uma colônia enorme de diferentes espécies, aproximadamente 10% humanos e 90% não humanos. Nossos corpos carregam mais formas não-humanas que o número de estrelas na Via Láctea.
É importante pensar no mundo natural como uma entidade onipresente e interdependente. A queimada de florestas no Brasil pode contribuir para o derretimento do gelo no Polo Sul. É o efeito borboleta e nós estamos dentro dessa rede de causa e efeito. Nós temos um papel nessa biosfera, somos parte dela.
Há pouquíssimas gerações que deixamos de sair de casa Foi apenas no fim do século 20 e início do século 21 que crianças urbanas passaram a brincar mais dentro do que fora. Com essa mudança de comportamento vieram vários problemas de saúde na infância que apenas agora começamos a compreender. Alguns são mais óbvios como a obesidade e diabetes e outros nem tanto, como a miopia. Anteriormente atribuída a leitura excessiva, hoje já se sabe que a miopia infantil tem ligação direta — além de fatores genéticos, claro — com a falta de exposição ao sol. É o sol que, em contato com a retina, ativa seus receptores de dopamina que controlam a forma do olho em desenvolvimento. Além disso, o contato com a natureza diminui o risco de dependência química, ajuda a equilibrar os níveis de vitamina D e aumentam o bem-estar psicológico. A ciência em torno dos efeitos da natureza na nossa saúde mental e física ainda é muito recente, mas já sabemos que ela tem ligação direta à nossa memória, imaginação e foco, além da nossa capacidade de socializar.
No Japão, a prática de “banhar-se em florestas” já é prescrita dentro da medicina preventiva e para combater os efeitos do estresse. A atividade consiste em uma imersão total dos sentidos em florestas e trilhas mantidas especialmente para este propósito. Lá, cientistas já estão provando que simples passeios semanais em parques podem contribuir para o aumento de células NK, responsáveis por combater tumores e infecções no corpo humano. Imersões completas na natureza são capazes de elevar este número em 40%!
Para fazer um paralelo entre estar na natureza e estar em uma cidade grande, pense em tudo que você leu aqui até agora. Agora pense no seu nariz. Quais cheiros você associa estar na natureza? Que sensações isso traz ao seu corpo? Quais lembranças? O nariz é literalmente um caminho direto para o cérebro. Não só para ativar memórias, mas para de fato atingir a massa cinzenta. Isso quer dizer que as moléculas encontradas na poluição urbana vão direto para lá causando danos irreparáveis como lesões e tumores.
Estar na natureza não é apenas um estilo de vida, mas uma questão de saúde pública.
Parques, áreas verdes e florestas urbanas são essenciais para a manutenção da vida humana. Não há vida sustentável em ambientes totalmente artificiais.
Viver uma vida mais outdoor não é necessariamente ir viver na estrada de parque nacional em parque nacional. É estar mais em contato com aquilo que nos lembra o que de fato somos e do que fazemos parte.
Um estudo na Finlândia chegou à conclusão que o mínimo tempo necessário na natureza para manter-se longe da depressão e melhorar quadros depressivos é em média cinco horas por mês. Quanto mais horas e maior a imersão na natureza, maiores serão os benefícios. Há natureza na cidade também e notar essas existências que muitas vezes passam despercebidas contribui para criar crianças mais conscientes de seus papéis no ciclo da vida.
Infelizmente o ambiente escolar tradicional perdeu contato com o que significa educar crianças e o papel delas no futuro do nosso planeta. Cabe portanto a nós pais e cuidadores conectá-las à verdadeira essência humana que nada mais é que uma parte do todo. O desafio atual na parentalidade é proporcionar experiências e ferramentas para que nossos pequenos criem uma vida genuína para si e não sejam apenas mais um peão para alimentar uma sociedade competitiva e individualista.
Mini curadoria semanal
Surtada amando ler Via Ápia de Geovani Martins. É muito bom mesmo e pinta um quadro muito realista do Rio de Janeiro. E tá em promoção!
Estou fazendo um curso grátis na Coursera da UC Davis sobre estratégia de marketing the conteúdo e estou curtindo, viu?
Tem papo com a musa Tamara Klink no último episódio da Rádio Novelo. Esqueçam os bros das big-techs: a Tamara que é uma jovem pra se admirar.
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