“É uma tartaruga?”
Foi o que uma das (aproximadamente) 30 septuagenárias me disse já no fim da minha primeira aula de hidroginástica. Ela não se referia à mim, ainda bem, mas a uma tatuagem que tenho no ombro.
“É uma arte! Assim, não é nada. É o que você quiser!” — respondi mais animada do que a situação pedia. É que até aquele finalzinho, ninguém além do professor tinha me dito ou respondido sequer um bom dia.
Me consolo com a ideia que talvez sofram de baixa audição generalizada. Enfim, ela não gostou muito da minha resposta. Além de ser pelo menos 25 anos mais jovem que todos ali, sou toda tatuada em uma pacata cidadezinha no interior de Portugal.
Hoje em dia não fico triste, mas quando criança, ficava. Já tem tempo que aprendi a viver na de fora. A verdade é que me sentia um ET mesmo quando morava na minha cidade natal, o Rio de Janeiro. Gostava de fazenda e de cavalos, mas também tinha cabelo colorido, depois bem curtinho. Comecei a me tatuar aos 16 quando quando menti que tinha 18 e virei aprendiz de body piercer em Ipanema. Isso em uma época que quase ninguém era tatuado no Rio, especialmente mulheres. Era um saco. Com esse lookinho, eu levava as cenouras dos cavalos para a escola ou matava aula para ir para a academia. Só fui vestir meu primeiro biquini com 15 anos, tinha vergonha. Lembro de comprá-lo com a Ci e daí matamos aula para caminhar na praia em um dia nublado, mas com muito mormaço que deixou a gente meio cinza, mas depois muito vermelhas. A Ci foi aquela amizade que despertou o meu verdadeiro eu, a primeira pessoa com quem me senti livre para ser. É importante ter alguém assim.
Ao longo da vida encontrei algumas pessoas como a Ci, mas também caí em muitas armadilhas de tentar me encaixar onde sequer cabia. Aprender a gostar da minha própria companhia e seguir fazendo as minhas coisas quando não tem encaixe foram algumas das melhores lições de vida autodidatas que tive. Algumas rejeições são mesmo de partir o coração, mas a maior parte eu acho engraçadinha, como levar gelo na aula de hidroginástica.
Contei essa história da hidro para uma amiga há uns dias e ela disse que já já eu conquisto “as véia”. A verdade é que nessa altura do campeonato (amo essa expressão! campeonato de quê?!) eu não faço questão de conquistar ninguém nem de saber qual é o papo do momento e muito menos quero incorporar o hobby de alguém que me parece descolado. Já tem tempo que aprendi a viajar sozinha, a apreciar o silêncio e a vastidão da minha própria companhia. Hoje, com 39 anos, tenho ao meu lado apenas quem eu quero ali e quem quer estar.
Mas seria daora ter uma amiga velhinha, né? rs
Mini curadoria semanal
Amando a primeira temporada do podcast Pelo Avesso sobre eugenia no Brasil. Vale muito a pena!
Comecei a ler o livro da Carol Bensimon, O Clube dos Jardineiros de Fumaça e estou amando. A Carol também tem uma news deliciosa aqui no Substack.
Vejam Flow. Estou embasbacada, apaixonada!
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