Não lembro da última vez que amamentei um filho, mas lembro de quando acabou. Lili caiu com o queixo direto na estante de livros do nosso apartamento na Florastraße mordendo sua língua. Desde então não mamou mais. Assim, sem mais nem menos, acabou.
Lembro da última vez que falei com meu pai. Estava brava com ele. Era dia dos pais e ele tinha bebido. Depois me comuniquei mais uma vez por mensagem, já quase o desculpando. Ele disse que eu estava linda. Eu não respondi. Nunca mais pude respondê-lo. Acabou.
O último beijo, o último abraço. O último colo, a última vez que um filho pede para dormir com você. A gente nunca está preparado e, tolos, vivemos como se momentos preciosos não fossem finitos.
É preciso lembrar-nos de viver nossos dias como se fossem os últimos. É difícil, eu sei. Eu também esqueço muito. Hoje mesmo fiquei em casa quando tive a chance preciosa de levar minha filha na natação. Estou cansada e com preguiça. A gente faz o que dá e aposta alto que ainda não é o fim.
O que é inegável é que sempre que algo se acaba, nos questionamos querendo saber o porquê de não termos vivido com mais intenção ou o porquê daquela briga boba ou o porquê de não nos ter entregado mais a quem amamos enquanto podíamos.
Somos seres sobrecarregados e por isso mesmo carentes da maior riqueza da atualidade: tempo. E por nos faltar tempo, nos falta também disposição. Algum (ou vários) pratinho tem que cair. Casa, escola, trabalho, comer saudável, se exercitar, ver os amigos, curtir um lazer, dormir 8 horas por noite, ficar atualizado nas séries, nos filmes do Oscar, nos livros: quem consegue? Quem consegue isso e ainda viver em presença e consciência de que um abraço ou uma troca pode ser final?
Seguimos tentando.
Mini curadoria semanal
Andei lendo os livrinhos do mestre Ailton Krenak, Ideias para adiar o fim do mundo e A vida não é útil e tô cheia de minhoca na cabeça.
Curtindo muito a série North of the North sobre inuks no Canadá. Episódios bem curtinhos para rir e distrair um pouquinho.
Meu filho ganhou o livro Brasil 100 palavras que trata dos biomas brasileiros e está apaixonado. Estamos todos apaixonados. Sucesso total!
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A vida é fugaz e, apesar disso e de sabermos disso, nunca estamos preparados para o fim. Há 2 anos me preparo para a partida da minha mãe. Suguei o que pude, amei demais, alegrei meus dias com ela! Mas quando ela se foi…estou arrasada e chorando até hoje! E acho que o luto ainda vai demorar. Não tem jeito, nunca estamos prontos para a partida de quem amamos.😣😞😭
Ah, a impermanencia da vida, que lição infinita. Não sei se vc conhece a Suleika Jaohad, ela já teve leucemia algumas vezes e já esteve entre a vida e a morte muitas vezes, ela diz que não curte muito essa coisa de “viva cada dia como se fosse o último”, ela prefere subverter essa lógica e viver cada dia como se fosse o primeiro, porque isso tira o senso de urgência, e traz uma nuance de encantamento e curiosidade pela vida, vale a pena dar uma procurada nela falando sobre isso, é lindo e inspirador.