Estava de férias e dei uma sumida por uma semana. Não avisei, é verdade. Peço desculpas e me redimo semana que vem com uma edição extra. <3
“Menino, saia daí que vais aleijar-te!” é uma frase que meus filhos escutam muito aqui em Portugal enquanto fazem as coisas mais básicas, como saltar de uma pedra para a outra.
Dia desses, estávamos andando por Braga com amigos e a filhinha deles carregava um graveto. Saiu uma senhora (sempre uma senhora) de não sei que buraco e veio aflita em nossa direção avisando para não a deixarmos fazer isso.
“Mas por que não?”
É que ela poderia cair com a boca aberta e o graveto perfurar o céu da boca atingindo o cérebro resultando em sua precoce morte.
Os parquinhos em Portugal raramente incluem desafios para maiores de três anos e desconfio que isso seja consequência dessa mentalidade macabra e medrosa. São uns escorregas Nutella, uns negócio cheio de proteção e aqueles horríveis pisos sintéticos. Há excessões, claro, mas são só excessões mesmo e costumam ser fucking caravelas do DeSCObrIMenTO.
No Brasil não muda muito. Aliás, a única vez que meu filho caiu de um parquinho foi por lá. Ele foi saltar para descer em um cano como um bombeiro e alguém gritou “NÃO! VOCÊ VAI CAIR!” e aí ele perdeu o passo, a concentração e caiu. Aliás, quem foi que decidiu instalar tanto parquinho de plástico tipo Fisher Price debaixo do sol brasileiro? Puta que pariu, hein.
Já na França, os parquinhos costumam ser modulares, nada criativos e todos têm uma classificação etária. Eu nunca morei na França com filhos, mas em nenhum dos lugares que visitamos com as crianças essa restrição nos foi forçada. Acho esquisito pacas essas plaquinhas que dizem que criança pode e não pode testar seus limites e se movimentar em um espaço feito para elas. A verdade é que as crianças sabem bem seus limites em um parquinho.
Essa é uma premissa alemã que vemos nos parquinhos de lá. Dificilmente haverá um parquinho que não desafie uma criança de qualquer idade e todas brincam juntas. São também os melhores parquinhos que já vi. Quase sempre em madeira e com piso de areia, os parquinhos têm temas incríveis, desafios apropriados e estão em cada esquina. Dá para visitar uma cidade grande com uma criança e fazer apenas um tour de parquinhos. Berlim era genial para isso e até tínhamos um guia que usávamos para visitar estas pérolas.
Na Alemanha, os pais vêem parquinhos como uma oportunidade para as crianças se desafiarem e por isso o comportamento dos adultos é de puro incentivo. “Vai, pula! Você consegue!” ou “Sim, tire os sapatos!” Imagina o horror que causa uma criança sem sapatos no parquinho português?
Lá, existem também os parquinhos de aventura (Abenteuerspielplatz), estes sim para crianças a partir de 6 anos (em Portugal seria 15 anos, sei lá). Nestes parquinhos, crianças podem até usar ferramentas para criar o mundo delas e os pais não podem interferir. Eu acho do cacete.
Mini curadoria semanal
Passei fisicamente mal escutando o episódio 242 de Modus Operandi sobre o assassinato do menino James Bulger.
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Amando e me apavorando a série Before na AppleTV+. Estrelada por Billy Crystal e repleta de doideiras que dão medo e confusão na cachola. Não é terror. É uma coisa meio thriller psicológico, sei lá.
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Eu moro na Hungria há quatro anos e os parquinhos são incríveis e estão por todos os lugares. Essa é uma das minhas partes preferidas de ter criado meu filho fora do Brasil.
Eu nunca liguei muito para a idade que colocam aqui na França, mas reparei que a qualidade do parquinho depende da cidade. Agora moramos em Puteaux, onde cada parquinho tem um tema e são muito legais! Em Paris conheço alguns legais também, mas no geral os pais franceses são malas também, não pode subir o escorregador, não pode usar "o brinquedo errado".